28.11.13

Nesses tempos modernos
uma paixão, assim como vem, se vai
morrerão todos os sonetos
Só sobreviverá o haikai

Para Mário Quintana, admitindo publicamente a imitação do estilo do mestre.

27.11.10

O Menino e o Balão

Eu era um menino que queria um balão
um balão vermelho brilhante
um balão que voava distante
bem alto, bem longe do chão

Eu era um menino deitado na grama
com os braços estendidos na direção
desejando, querendo e fazendo drama
porque o balão escapou-lhe da mão

Eu era um menino sem maldades
mas cheio de coisas no coração
que queria muito possuir o balão
vermelho brilhante das vontades

Enquanto o homem que olha o menino
pondera, examina a cena sem emoção
o menino deitado na grama
continua querendo muito o balão

Que na história se afasta sumindo
para dentro da memória do menino...

(Para D)

23.5.10

Se

Se você tivesse entendido na primeira vez, essa última, nem existiria.

17.5.10

Para onde fugiram as cores

Meia hora, agorinha
De um dia cinzento
Eu sou quem caminha
Arco-íris por dentro
Por você.

12.5.10

Lapidado

Os ombros erguiam-se no oceano de espuma branca da banheira, como um rochedo aveludado, emergindo até os cabelos negros presos no alto da cabeça.

Luz tênue escapando das garras da cortina.

O vapor que subia condensava-se em sua nuca, formando gotículas que disparavam em sentido contrário. Foi bem a esse ponto que ele atirou seus lábios.

O gemido breve e intenso fez com que ninguém escutasse o som que fez o tempo ao parar.

(Para L.F.)

D.

22.3.10

Pedra dos Desejos

Encontrei em uma pá de velhos mails escritos.
Recentemente encerrei esse ciclo. Mas vale registrar o poema:

Se eu tivesse uma pequena pedra,
uma pequena pedra dos desejos,
e bastasse observá-la
como uma estrela entre os dedos.

Desejaria aquele beijo,
aquele que você não me deu;
reunião de todos os outros beijos dados
em um beijo único só meu.

E despencaria no precipício;
na queda livre do delírio
de que para tudo há um novo início
até no passado que é o puro vício...

do martírio adocicado de te desejar

Da dor aveludada de te tocar...

no futuro-depois de nós dois.

Esse foi para Juliane nos longínquos 19 de outubro de 2005.

8.10.09

Janela

Você atirou meus sonhos pela janela...
Lá se foram eles, pedaços de mim contra o céu azul.

Mas mal sabe ela
que assim que eu tiver forças,
levanto desse chão e também me atiro pela janela.

E então assim,
Saio voando também.

Bebendo da liberdade
e da certeza que tudo vai ficar bem.

Mal sabe ela...
que assim que tiver um pouquinho de forças,
saio voando por essa janela também!

Das Lições

Lições antigas que merecem ser relembradas:

1) Todo o relacionamento, por melhor ou mais duradouro que pareça ser, quando termina cabe em uma caixa de papelão tamanho médio.

2) O que o bom senso não resolve, o tempo resolve.

3) A distância, aliado ao tempo, tiram qualquer pessoa da cabeça de qualquer um.